Maya Gabeira supera trauma e surfa em Nazaré





Precisamente ao meio-dia do dia 9 de outubro de 2015, sob as 12 badaladas do sino do Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, Maya Gabeira surfou pela primeira vez uma onda na Praia do Norte - a mesma onde 711 dias antes havia passado pelo maior drama de sua carreira, que chocou todo o planeta.

Depois de um ano, 11 meses e 11 dias, de muita preparação física e mental, de superar duas cirurgias de hérnia, Maya voltou ao ponto onde sua vida mudou de rumo em 2013. Com a naturalidade de quem surfa as maiores ondas do planeta há mais de uma década, a carioca não teve problemas em dropar uma onda de cerca de três metros. Puxada pelo experiente Alemão de Maresias, Maya dava apenas o primeiro passo no retorno à Nazaré.

“Este primeiro surf foi bom para relaxar depois do voo e já começar a testar os equipamentos, já que estou com uma prancha nova feita especialmente para mim pelo Gerry Lopez e o nosso jet ski também é novo. Também foi bom cair num primeiro dia menor, para conseguirmos nos entender com todos estes pontos”, contou Maya assim que saiu do mar.

Agora o próximo desafio da carioca de 28 anos é num lugar bem familiar: o Havaí. Pela primeira vez, desde 2013, Maya volta a passar uma temporada havaiana nas famosas ilhas do Pacífico Norte. “Vou para o Havaí com a certeza de que estou bem. Precisava voltar à Nazaré para recomeçar, pois foi aqui que a minha vida no surf parou há dois anos e eu precisava começar daqui. Agora, sinto que minha vida voltou ao normal. Eu voltei a me sentir feliz surfando, estou me sentindo bem dentro d’água, e não vejo a hora de encarar esta temporada de inverno no hemisfério norte”, garantiu.

Parceiro de longa data e responsável pelo resgate de Maya em 2013, Carlos Burle acompanhou toda a superação da atleta nos últimos dois anos. Para o big rider pernambucano, o esforço feito pela pentacampeã do XXL, tanto metal,quanto fisicamente, está aparecendo.

“A Maya está de parabéns. E estou feliz de dividir este momento com ela. A cada dia que ela passa aqui os outros surfistas ficam mais impressionados com a sua evolução. Como ela tem surfado, como tem pilotado o jet ski em situações críticas... ouvi isso inclusive do Garrett [McNamara], que é o cara que mais conhece este lugar. Quando chegamos aqui no começo de outubro, a Maya estava muito tensa, que nem sabia direito como ajudar. Agora, porém, isso aqui parece o quintal da casa dela. É muito bom vê-la sorrindo e curtindo, de novo”, afirmou Burle.

Maya Gabeira comemora retorno à Nazaré© Red Bull Media House A confiança veio após quase dois meses em terras portuguesas. Maya foi se sentindo cada vez mais a vontade, mas só ela sabia que nem tudo foram flores. As dores, a tensão e o stress de voltar ao local em que mudou sua vida naquele 28 de outubro deixaram a surfista mais apreensiva do que nunca e, muitas vezes, a única válvula de escape estava em de si mesma.

“Estou em Nazaré desde o começo de outubro e só eu sei o que eu passei desde que eu cheguei. Muitas vezes não me restou outra saída a não ser chorar. Chorar de dor, de nervoso, de medo... mas foi tudo muito bom. Não mudaria nada do que fiz ou passei, porque tudo isso me fez estar aqui, onde estou. E tudo valeu a pena. Muito a pena!”, concluiu Maya.

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